Inicio do ano, momento em que as empresas começam a avaliar os novos projetos. Neste artigo, vamos demonstrar alguns pontos que devem ser analisados. A Alfa Rocha pode te ajudar na melhor avaliação de seus projetos.
O valor do dinheiro no tempo
Para intuir a importância da discussão sobre o valor do dinheiro no tempo para as decisões nos negócios, vão os refletir a respeito da seguinte pergunta: você preferiria ganhar R$ 1 milhão hoje, ou R$ 1 milhão daqui um ano? Por quê? Naturalmente, a intuição já sugere uma resposta: normalmente, as pessoas preferem ganhar o dinheiro hoje. Agora vamos refletir sobre porque isso acontece.
Em essência, isso acontece porque o dinheiro tem valor ao longo do tempo. Há alguns motivos que justificam a preferência pelo dinheiro hoje. Um primeiro e bem intuitivo motivo refere-se a questões inflacionárias. Na presença de inflação, o dinheiro perde poder de compra ao longo do tempo. Assim, R$1 milhão hoje compra maior quantidade de bens do que o mesmo R$ 1 milhão será capaz de comprar no futuro, pois, com a inflação, os preços em uma economia, em geral, tendem a subir, de forma que, com uma mesma quantidade de recursos, o poder de compra torna-se menor com o tempo. No Brasil, assim como na maioria dos países, costuma ser fácil compreender o poder dos efeitos inflacionários, uma vez que, em nossa história recente, vivemos períodos com altos índices de inflação. A perda do poder de compra do dinheiro é algo natural e intrínseco ao dia a dia das pessoas, tanto em suas finanças pessoais como profissionais.
Além da inflação, no entanto, há outros motivos para o dinheiro ter valor ao longo do tempo. Um motivo adicional decorre de o dinheiro ser um recurso escasso, ou seja, a disponibilidade de recursos não é ilimitada. Sendo assim, suponhamos que você dispõe hoje de R$ 500 mil e decida investir em determinado projeto de longo prazo como, por exemplo, abrir uma franquia de serviços estéticos. Se, porventura, daqui a alguns meses surgirem uma nova oportunidade de investimento, mesmo que seja ainda melhor do que a anterior, você talvez não disponha dos recursos para investir nessa segunda alternativa. Mas, caso você ainda tivesse os R$ 500 mil disponíveis, poderia escolher essa outra oportunidade de investimento. Sendo assim, o segundo motivo que justifica o valor do dinheiro no tempo é que, uma vez aplicado o recurso, o investidor estará abrindo mão de outras oportunidades de investimento e, para aceitar essa perda de possíveis oportunidades, ele certamente irá exigir algum tipo de remuneração pelo tempo transcorrido. Esse motivo está associado ao fato de que o dinheiro tem utilidade quando disponível aos agentes e que, caso estivesse com liquidez, poderia ser utilizado para outras oportunidades de investimento ou até para aquisições a fim de obter melhorias em qualidade de vida, por exemplo.
Por fim, há um motivo final − não menos importante − que sustenta a importância de considerar o valor do dinheiro no tempo. Esse último motivo é o risco. Um agente irá preferir receber R$1 milhão hoje − e não no futuro − porque o futuro é incerto e, portanto, arriscado. Se o agente optar pelo dinheiro hoje, garante o recebimento. Mas, se optar pelo recebimento futuro, assumirá o risco de que algo aconteça de errado e impeça o recebimento do valor, ou reduza o seu recebimento.
O dinheiro tem valor ao longo do tempo devido: (i) a questões inflacionárias; (ii) ao fato de o dinheiro ser um recurso escasso e limitado, que tem utilidade, e abrir mão da liquidez pode ocasionar perdas de outras oportunidades de negócio; e (iii) ao risco.
Quanto maior o risco incorrido pelo agente ao assumir determinado investimento, maior será o ganho que ele espera obter para aceitar o projeto. Sendo assim, quanto mais risco, mais retorno esperado. Naturalmente, nenhum investidor estaria satisfeito com uma taxa de retorno inferior ao que poderia ser obtido por meio de um investimento em ativo livre de risco − em um título do governo que, no caso brasileiro, remunera a taxa Selic. Essa se trata de uma referência de remuneração livre de risco em dada economia, e não haveria sentido econômico na existência de um negócio com risco que remunerasse consistentemente retornos inferiores à Selic.
Dado esse contexto, surge a intuição sobre a TMA − Taxa Mínima de Atratividade. Uma taxa mínima de atratividade representa aquele nível de remuneração mínimo que deverá ser proporcionado pelos projetos para que satisfaçam às expectativas dos acionistas. Es sa TMA deve ser composta de um mínimo de remuneração, para fazer frente à remuneração livre de risco da economia, mais um adicional de remuneração que represente um prêmio pelo risco corrido nesse projeto.
Para exemplificar, suponhamos que um investidor esteja avaliando um projeto que demande R$100,00 de investimento inicial. Sabemos que:
• dado o nível de risco do projeto, o investidor gostaria de obter ganhos anuais de, no mínimo, 15% ao ano;
• o projeto tem duração de um ano apenas.
Sendo assim, o investidor vai querer ter um ganho, ao final de um ano, de, no mínimo, R$15,00 (15% de R$100, 00), de forma que espera obter um fluxo de caixa futuro superior a R$115,00 − os primeiros R$100,00 para recuperar o investimento, e os outros R$15,00, no mínimo, para compensar a sua TMA. A figura a seguir ilustra esse investimento com remuneração de 15% ao ano.
A formação do dinheiro ao longo do tempo sustenta-se em algumas funções fundamentais da matemática financeira. Uma delas é o regime de juros compostos, que pressupõe a remuneração de juros sobre juros. Isso significa que o investidor será remunerado pelo capital investido e também pelos juros acumulados ao longo do tempo nesse investimento.
Em que:
• FV = valor futuro ou future value;
• PV = valor presente ou present value;
• i = taxa de remuneração do dinheiro ao longo do tempo (quando discutindo a análise de projetos, essa taxa pode se referir à TMA já mencionada);
• n = quantidade de tempo transcorrido (lembrando que a unidade do tempo deve ser igual à unidade da taxa. Logo, se a taxa é 15% ao ano, o tempo deverá ser medido em anos);
Dessa forma, dado um investimento inicial de R$100,00, considerando uma taxa de juros de 15% a.a, o investidor terá, ao final do Ano 1:
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